sábado, 29 de março de 2008

Ensino do Futebol, II






Aos 14/15 anos passámos para o futebol de salão; aqui, com a organização feita pelo clube (Sport Quelimane e Benfica) patrocinada por várias empresas. O passe curto rente ao solo era o mais utilizado, já que não se podia levantar a bola, parece-me, acima da coxa. Privilegiava-se assim o jogo em bloco, equipa muito junta e velocidade no passe; combinações directas. Por outro lado isso prejudicou o nosso desenvolvimento quer no passe longo, quer no jogo de cabeça e outros gestos técnicos inerentes a esse tipo de passe. Aos 15 anos integramos o futebol de 11 federado, juniores, já que na época não existiam os escalões de infantis, iniciados, ou juvenis.

Os treinadores eram preferencialmente ex-jogadores ou jogadores dos seniores, ou ainda «curiosos». O nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento era feito assim; habilidade natural e intuitiva + jogo, muito jogo; 3 treinos por semana; aquecimento tradicional para a época (1968), cross pelas ruas da cidade, alguns exercícios abdominais, subida e descida de bancadas em ritmo contínuo e em zig zag; alongamentos não conhecíamos, eram gestos instintivos individuais.

Táctica? O que se lia no jornal a Bola, o que se ouvia na rádio e o que pouco mas muito pouco se encontrava em literatura desportiva que era quase nula.

Jogávamos em 4 x4 x2, 4x2x4, mas sem combinações planeadas e treinadas; apenas instinto e claro inteligência.

Foi assim até aos 18 anos; no primeiro ano de futebol de 11 sentimo-nos perdidos na imensidão dos 100 metros por 7o metros do campo de futebol que por sinal era relvado; o nosso treinador disse-me para jogar a extremo direito e bem encostado à linha; resultado? «casei-me com a linha» e não saía de lá! O que era frustante quando ainda por cima quase não tocava na bola; não sabíamos que espaço(s) ocupar, como jogar etc, etc, etc...Fomos aprendendo jogando, jogando e jogando! Tínhamos bons hábitos de vida: deitar e levantar cedo; praticávamos outras modalidades desportivas na escola : andebol de 7, voleyball, natação e outras; não tínhamos televisão, nem computadores; apenas a biblioteca municipal, o cinema e a rádio; tudo o resto era «inventado» por nós.

Os nossos ídolos eram: Eusébio, Mário Coluna, Simões, José Augusto, Torres, José Pereira, Iachine, Vítor Damas, Pélé, Garrincha, Puskas, Boby Charlton e outros ícones da época não esquecendo José Pérides, Hilário, Morais!!!



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