segunda-feira, 31 de março de 2008

FORMAÇÃO DO JOGADOR DE FUTEBOL

  • Ao Nível Técnico

Sabemos que em futebol a bola quase nunca está parada nos pés de um jogador; é necessário um bom domínio técnico para a receber, controlar, conduzir, passar, rematar;

Para melhorar a sua capacidade de coordenação, o jogador deve desenvolver desde o princípio a sua capacidade específica de equilibrio.

  • Ao Nível Físico

A alternância trabalho/repouso caracteriza as sequências de jogo; é portanto um esforço descontinuado mediante pressões específicas, tanto maiores quanto a elevação do nível do jogo.

O jogador jovem adapta-se naturalmente à descontinuidade do esforço breve, seguido de um tempo de recuperação, mas, tem dificuldade em produzir esforços longos e intensos.

  • Ao nível psicológico

Em todas as partes e a todo o momento!

Dadas as pressões psicológicas específicas que este desporto colectivo de oposição apresenta, deveremos dar prioridade à educação, agindo também como pais.

O futebol é psicológicamente muito exigente; tanto a nível intelectual como afectivo; exige ainda um tratamento rápido e eficaz da informação, motivação constante e capacidades de integração em grupo.

  • Análise dos recursos (capacidades e qualidades) do jogador, no jogo, em treino e na competição.

Desenvolvimento e aperfeiçoamento para o melhor rendimento do jogador e da equipa.

Recursos Tácticos

Inteligência táctica: utilização inteligente dos recursos técnicos e físicos no jogo;
Quando o jogador não é um especialista menos atitude tem para a leitura e resolução dos problemas do jogo.

Recursos Técnicos (qualidades técnicas)

O domínio gestual, a perfeição das habilidades úteis para a realização táctica do jogador; Quanto mais «tosco» for o jogador, mais dificuldades terá na sua coordenação específica.

Recursos Físicos (qualidades físicas)

Consideremos as qualidades físicas gerais e as qualidades físicas específicas

  • Quanto menos treinado está o futebolista menos resistência geral e específica tem.

Recursos Psicológicos (qualidades psicológicas)

  • Motivação, combatividade, controle emocional, solidariedade, persistência, perseverança, etc.

Quanto mais jovem é o jogador mais motivado está para o jogo e mais necessidade tem de desenvolver a sua autoconfiança. Assim o projecto de treino desportivo visando a eficácia, compreenderá essencialmente: a formação táctica; a formação técnica; a formação física e a formação mental.

A ACÇÃO FORMATIVA

Não é suficiente ao treinador trabalhar separadamente as capacidades de que falamos anteriormente, para que o jogador seja eficaz ao serviço do colectivo com o mesmo objectivo. (a relação de força colectiva e individual reflecte o nível de jogo da cada equipa).Durante o jogo, a equipa ganhadora resolve melhor os problemas que a equipa adversária lhe apresenta, quer colectiva, quer individualmente, porque domina os factores tácticos e técnicos.Cada elemento da equipa (o individual) sabe utilizar melhor o seu potencial físico e controlar as suas emoções.

É absurdo treinar o futebolista separando os diversos factores.

TREINO GLOBAL

Estes factores estão permanentemente interligados na acção do jogador. Logo, devemos preconizar a concepção global do treino em detrimento da fragmentação da preparação em diversas partes (física, técnica, táctica, mental)

Estamos portanto a falar de um treino total e integrado, onde o exercício é multidimensional: psico-táctico - técnico-físico.

Definimos como Prioritária o desenvolvimento da capacidade táctico-técnica do jogador. Este, em situação de jogo envolve-se Táctica, técnica, física e mental com toda a sua paixão. O desenvolvimento táctico técnico do jogador tem um lugar preponderante desde o principiante até ao nível máximo.

O treinador deve permitir a criatividade, a autonomia, a tomada de iniciativas e a assunção de responsabilidades. O que importa treinar, são as situações reais de jogo: com posse da bola e sem posse da bola, valorizando a inteligência táctica e comportamentos eficazes; adquirir automatismos táctico-técnicos o que permitirá aos jogadores o desenvolvimento e aperfeiçoamento de uma verdadeira «eficácia mental». O treinador deve pôr aos jogadores problemas que eles têm de resolver; consoante o nível, o futebol é apresentado de forma simples (regras adaptadas aos principiantes) sem deixar de lado alguma complexidade para que haja progressão.

A situação problema, o jogo, a competição constituem a base do trabalho de Formação e de treino; é a avaliação da produção que permite verificar os progressos e as deficiências.

Pretendemos um jogo criativo e rápido, o que nos obriga a dar a máxima preponderância ao dominio da dimensão táctico-técnica, de forma a que o jogador aprenda a escolher a melhor solução no jogo.

A Pedagogia activa é essencial. Não podemos nem devemos exigir uma eficácia instantânea. Deve ser feito com base num processo de aprendizagem.

O Treinador deve criar situações-problema, adaptadas ao nível dos jogadores; à medida das capacidades momentâneas:

  1. O que deve o jogador saber sobre o jogo
  2. O que deve conhecer do jogo
  3. o que fazer em jogo

Neste processo, o jogador compreende porquê que actua e reage assim. O jogo e a decisão de como jogar, cabe-lhe a ele próprio; Ao Treinador cabe-lhe saber observar, aconselhar, modelar a dificuldade do exercício, avaliar.

domingo, 30 de março de 2008

A FORMAÇÃO DO JOGADOR DE FUTEBOL

A metodologia do treino evoluíu. Com efeito, já não é suficiente imitar os gestos técnicos que se realizam a alto nível, para obter bases eficazes na aprendizagem.
O que deve ser feito em cada situação de desenvolvimento e aperfeiçoamento no treino, está direccionado para o próprio jogo.
Assim, desde o 1º treino da época devemos estar direccionados para as situações reais do jogo que queremos que a nossa equipa faça; a nossa forma de jogar!
  • Surge o Projecto de Treino
    Sem um projecto de treino dificilmente os treinadores conseguem alcançar os objectivos desportivos previamente definidos. É necessário adequar o nível das pressões do futebol com o nível dos recursos dos jogador.
  • Análise das pressões geradas pela prática do futebol; oposição Atacante/Defesa - Damos prioridade ao nível táctico.
  • Dada a complexidade desta actividade motriz, o jogador deve tomar decisões antes de actuar, e depois de ter analisado a situação; o portador da bola que faz um passe para um espaço «vazio» a um colega em movimento, com oposição, deve:
  • perceber e analisar a situação;
  • conceber e escolher uma solução;
  • passar a bola na direcção e na distância de forma eficaz.

O jogador deve encontrar as respostas adequadas aos problemas do jogo que derivam da Oposição (adversários) e da Cooperação (companheiros); dupla tarefa portanto; reacção simultânea ou quase, à posição da bola e por outro lado ao entendimento, compreensão, da situação do jogo. Assim, ele, o jogador, deve ter uma boa velocidade mental, uma boa velocidade técnica, associada a uma boa velocidade física.

sábado, 29 de março de 2008

Ensino do Futebol, II






Aos 14/15 anos passámos para o futebol de salão; aqui, com a organização feita pelo clube (Sport Quelimane e Benfica) patrocinada por várias empresas. O passe curto rente ao solo era o mais utilizado, já que não se podia levantar a bola, parece-me, acima da coxa. Privilegiava-se assim o jogo em bloco, equipa muito junta e velocidade no passe; combinações directas. Por outro lado isso prejudicou o nosso desenvolvimento quer no passe longo, quer no jogo de cabeça e outros gestos técnicos inerentes a esse tipo de passe. Aos 15 anos integramos o futebol de 11 federado, juniores, já que na época não existiam os escalões de infantis, iniciados, ou juvenis.

Os treinadores eram preferencialmente ex-jogadores ou jogadores dos seniores, ou ainda «curiosos». O nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento era feito assim; habilidade natural e intuitiva + jogo, muito jogo; 3 treinos por semana; aquecimento tradicional para a época (1968), cross pelas ruas da cidade, alguns exercícios abdominais, subida e descida de bancadas em ritmo contínuo e em zig zag; alongamentos não conhecíamos, eram gestos instintivos individuais.

Táctica? O que se lia no jornal a Bola, o que se ouvia na rádio e o que pouco mas muito pouco se encontrava em literatura desportiva que era quase nula.

Jogávamos em 4 x4 x2, 4x2x4, mas sem combinações planeadas e treinadas; apenas instinto e claro inteligência.

Foi assim até aos 18 anos; no primeiro ano de futebol de 11 sentimo-nos perdidos na imensidão dos 100 metros por 7o metros do campo de futebol que por sinal era relvado; o nosso treinador disse-me para jogar a extremo direito e bem encostado à linha; resultado? «casei-me com a linha» e não saía de lá! O que era frustante quando ainda por cima quase não tocava na bola; não sabíamos que espaço(s) ocupar, como jogar etc, etc, etc...Fomos aprendendo jogando, jogando e jogando! Tínhamos bons hábitos de vida: deitar e levantar cedo; praticávamos outras modalidades desportivas na escola : andebol de 7, voleyball, natação e outras; não tínhamos televisão, nem computadores; apenas a biblioteca municipal, o cinema e a rádio; tudo o resto era «inventado» por nós.

Os nossos ídolos eram: Eusébio, Mário Coluna, Simões, José Augusto, Torres, José Pereira, Iachine, Vítor Damas, Pélé, Garrincha, Puskas, Boby Charlton e outros ícones da época não esquecendo José Pérides, Hilário, Morais!!!



quinta-feira, 27 de março de 2008

O ENSINO DO FUTEBOL - I

«FAZ O QUE EU FAÇO E EXPLICO, E NÃO, FAZ O QUE EU DIGO E NÃO O QUE EU FAÇO»

  • Vou reiniciar a minha aprendizagem no ensino do futebol!
  • Começo pela mensagem anterior do professor José Moniz (atenção: professor e ex praticante)!
  • «O ensino do futebol deve ser feito por ex praticantes»
  • Logo: Faz o que eu faço e explico, e não, faz o que eu digo e não o que eu faço!
  • A minha reaprendizagem basear-se-à no livro «Entrainement et perfomance collective en football» propriedade, 1996, Éditions Vigot.
  • E também, na minha experiência quer como jogador, quer como treinador de futebol, salvaguardando que a 2ª, foi no futebol sénior, tendo apenas por ínfimo tempo iniciado um trabalho com infantis em Torres Novas, onde terminei a carreira de jogador, inserido no projecto de José Moniz, então treinador principal do Clube Desportivo de Torres Novas em 1990/1991(com um trabalho notável a que depois dei seguimento), do qual era adjunto, bem como José Vasques.
  • A minha Formação (Quelimane, Zambézia, Moçambique, África Austral)enquanto jogador foi feita na «rua» até aos 14 anos: geralmente 1 x 0 + guarda redes (Gr); 1 x 1 para 2 balizas pequenas (geralmente com pedras); 1 x 1 + Gr, marca golo e troca de funções; com 3 jogadores a mesma situação e sai quem sofre golo; 2 x 2 + Gr; Gr + 2 x 2 + Gr, e por aí adiante, quase sempre em espaços de rua, ou quintal!
  • O dono da bola(era quase sempre o mais novo do «bando»), tinha que jogar sempre! Geralmente na equipa do jogador que mais se evidenciava; caso contrário não havia jogo; mas é que não havia mesmo jogo!
  • Passámos depois para os jogos de bairro contra bairro.
  • Mais tarde, nós próprios fizemos um campo de futebol com as dimensões de um campo de futebol de salão, com balizas de bambu, bandeirolas, árbitros, equipamentos pré-concebidos e com emblemas manufacturados pelas nossas mães, etc, etc..., e fizemos um torneio com várias equipas de 5 jogadores ou 6 cada uma, com taças e medalhas. A competição era «implacável»; jogava-se para Ganhar! (descalços, com o melhor sapato, com sapatilha, tudo servia para o jogo; só queríamos jogar, e jogar e jogar, até que o sol desaparecia por completo.
  • As nossas mães desesperavam!!!! Quer pelo calçado que se rompia, quer pelas horas a que chegávamos a casa e pior, todos sujos da cabeça aos pés.
  • E nós? Só sonhávamos com o próximo jogo; como sair de casa, mesmo de castigo, as janelas de rede mosquiteira eram cortadas cirurgicamente com uma lâmina de barbear já usada! Que risco meus caros, que risco!!!!!!!!!

terça-feira, 11 de março de 2008